#10 - Baile da Brum
criado em 2019 por Bárbara Brum, o melhor baile do planeta, hoje, extrapola os limites da ilha. swag, identidade e identificação como nenhum outro lugar promove
alô! poderia falar com a tropa da DJ Brum? 📞
bom, e se você não sabe muito bem o que é ser da tropa, vou te ajudar. hoje, nosso Uber tem um destino fácil: pode chamar para o Bar DeRaiz, que fica na frente das Dunas da Joaquina. se ficar melhor, é só pedir pra cá.
mas antes, até mesmo para dar um oi para quem chegou por aqui recentemente e está recebendo pela primeira vez: estive em plena mudança de apartamento. mudei de bairro, e as últimas três semanas foram absurdamente cansativas. é deliciosamente horrível fazer uma mudança, porém, com tudo agora quase no seu devido lugar, era hora de finalmente terminar de escrever essa edição.
eu acho que foi com a (da , que diga-se de passagem, foi por onde alguns de vocês, que estão me lendo, chegaram até aqui e que também já foi comigo para o baile) que eu comentei isso - não lembro se pessoalmente ou respondendo algum tópico nas notas aqui do Substack - que minha premissa aqui sempre seria qualidade em vez de quantidade.
ainda mais na décima edição desta newsletter, e falando sobre um lugar que eu amo tanto. se no futebol, ser camisa 10 é ser um jogador de excelência, aqui, a edição #10 é sobre um dos lugares que eu mais me sinto inexplicavelmente bem e em casa na ilha. meu 10 é o baile 🥷🏻

ah! e eu já tenho a próxima data de ver a história sendo feita: dia 7 deste mês foi o dia que comprei o ingresso da Ghetto Prince x Baile da Brum. dois bailes que fomentam a cultura de periferia juntos em Florianópolis, dia 1º de dezembro, atenção: num barco exclusivo só pra elas 🫦 do trapiche de Canasvieiras para o submundo delicioso que só DJ Brum e DJ Caio Prince poderiam promover. te vejo lá? 🛥️
para embarcar comigo nesta edição, recomendo fazer assim como eu estou fazendo aqui: ouvir os 37 minutinhos de DJ Brum no toque pra você. tenho um carinho especial por esse set, e te explico o porquê mais pra baixo. 🥋
o baile é casa de artistas que movimentam a cena do funk brasileiro, como DJ RD da DZ7, DJ Day do Carmo, Mu540, Bonekinha Iraquiana, Caio Prince, DJ Dayeh, DJ RaMeMes e tanto outros - além de claro, palco da estrela principal que dá nome ao baile.
e pioneirismo é o que não falta. em diversas edições, há batalhas de rimas de funk ao vivo, com vocais poderosos da cena local com o ritmado absurdo feito pela Brum atrás. em outras, não só a pista que é aberta, mas também a CDJ: DJs ganham espaço na cena levando o pontinho do baile e, muitas vezes, experimentando pela primeira vez como é ferver a pista no passinho. tipo assim:
e não falta pioneirismo mesmo: o baile foi a primeira produtora cultural de Florianópolis a aplicar a política trans-free, fomentando a ocupação e participação de pessoas trans e não-binárias em lugares que, basicamente, sempre foram delas por direito.
o Baile da Brum é uma equação que reúne estilo, representatividade, dança, música, produção e agitação cultural, mas principalmente: espaço de reconhecimento. as pessoas se reconhecem. se veem como pessoas, consumidoras e promotoras de cultura - e também, admiradoras de um gravíssimo e gostoso mandelão e bruxaria à 150 bpm, no mínimo.
tem muita gente que acha engraçado e curioso o fato de eu ir em diversas edições do baile sozinho. mesmo: eu, minha shoulder bag de canto, meu bonito copinho do DeRaiz e a bandeira do Canadá. rs 🍁

porém, já levei a Letícia, o Phelipe, o João e fui com a Bárbara e com a Carla Lu pra lá. mas ir sozinho para o baile não é nenhum problema - pelo contrário: é exatamente gostoso igual porque você se sente mesmo em casa. é um baile cheio de respeito, de gente bonita, de gente gostosa, de gente. pessoas.
e um lugar se torna um estado de arte quando inspira exatamente isso: arte. tudo o que o baile representa foi transformado numa exposição em uma das edições, feita pela Beatriz Moreira, a @flwsbea no Instagram, que pinta o funk e a vivência cria em telas. e ela fez absurdamente isso aqui:
a Bea coloca nas telas o que o baile faz com as pessoas: emoção. inclusive, neste post do Insta, que ela ilustrou os pecinhas (que não só são gêmeos, dançarinos do baile, mas também inspirou uma faixa do DJ Day do Carmo e que você pode ouvir aqui), ela explica mais sobre tudo isso. fazer arte em cima do que já é arte.
percebe? não é só um evento. é a celebração da vida e cultura periférica, que ganham o centro, que emerge e que existe. se sentir bem em casa, bem e em casa.
já vi o Mu540 fazendo bruxaria diante dos meus olhos:
já vi a rainha do submundo, DJ Bonekinha Iraquiana, levar a tropa ao delírio:
a Brum brincar mais que a brincadeira e se divertir na edição do próprio aniversário:
o DJ Day do Carmo apavorando os tímpanos da tropinha:
vale o adendo: eu não conheci a Brum no baile dela. a primeira vez que eu vi ela fazendo absurdos na CDJ foi na Slut Summer, um bailinho bem delícia que teve lá na Mansão Club, que fica na Cachoeira do Bom Jesus (no norte da ilha). foi na edição que o RaMeMes também veio, e foi assim, B A B I L Ô N I C O!
antes de a Brum lançar o set que talvez você esteja ouvindo (pois é o que eu mencionei no começo do texto), ela me enviou a faixa privada no SoundCloud pelo Insta (obviamente porque eu fui carudo e pedi pra ouvir o set antes kkk). inclusive, é exatamente por conta deste set que eu conheço, antes de ela ser lançada oficialmente (gratidão por ter feito a boa, Caio Prince 🛐) Botano (Útero Baixo). antes de ganhar quase 9 milhões de reproduções no Spotify, a Brum já estourava nossa caixa soltando essa pras danadas.
na ocasião, eu disse isso aqui pra ela:
bom, e daí os números (não que arte precisa ser medida por números) não mentem: 47 mil e 600 reproduções e 1.127 likes no SoundCloud. eu sabia que ia quebrar tudo mesmo quando liberasse pra tropa.
parabéns! você veio comigo pro baile até amanhecer. de presente, do mezanino do bar, você amanhece vendo isso aqui:
ir para o baile é viver o baile. é saber que música, cultura, arte, funk, gente e histórias se cruzam em noites que ficam pra sempre. em bailes que promovem a conexão de gente com gente, de gente com cultura e com o funk, de cultura com amor e de amor com diversão.
Brum, obrigado por fazer da cena do funk de Florianópolis lugar de gente incrível - assim como você é. quando o RD da DZ7 ficou emocionado e chorou durante o set dele vendo todo mundo cantar o que ele produz, não foi à toa. nunca é. ❤️🔥