#3 - Ribeirão da Ilha
o segundo distrito mais antigo de Florianópolis é, hoje, o maior produtor de ostras do Brasil. e onde tem uma cafeteria portuguesa que vende um doce chamado "travesseiro de piriquita" 🦜
olá! e aí, tudo certinho?
a primeira vez que eu fui pro Ribeirão da Ilha foi em 9 de abril de 2023. já morava há 7 meses na ilha, e confesso que na real, o bairro não era muito conhecido por mim de quando eu vinha, antes, só passear.
lá é tipo aquele lugar que você conhece só quando pega pra desbravar mesmo - na real, minto: o Ribeirão é conhecido, sim, se for parar pra ver bem. além de ser o maior produtor de ostras do Brasil (Florianópolis é o lugar onde mais se produz ostra no Brasil, e dos lugares que mais produzem na ilha, o Ribeirão fica em primeiro), é lá que fica o Ostradamus - um nomezinho bem sugestivo. é a casa do Nacanoa também, que por sinal, é um oyster bar. do Rancho Açoriano, um dos mais conceituados aqui. é um ponto turístico da ilha.
porém, por ficar no sul da ilha, o lugar é menos visitado do que Santo Antônio de Lisboa, por exemplo. Ingleses. Campeche. na alta temporada, não tem espaço pra você nesses lugares. no Ribeirão, até tem (mas se você for para os restaurantes que falei acima, daí complica).
e de lá, além da Igreja Nossa Senhora da Lapa, datada de 1806 e a segunda igreja instalada na então província de Nossa Senhora do Desterro, tem a Tens Tempo Café - aham, a que eu disse que tem o doce chamado “travesseiro de piriquita”. tenho evidências, mas falo disso depois, mais pra baixo.
nesse primeiro dia que eu fui lá no Ribeirão, eu tirei uma foto da casa paroquial, ao lado da Igreja da Lapa.
essa aqui:

e, como alguns aqui de vocês me conhecem pessoalmente, eu sou uma pessoa tatuada. tenho 27 tatuagens ao todo - e cada uma com uma história específica. todas tem uma (mas não sou o que acha ruim quem tatua por tatuar - acho ótimo, por sinal. a pessoa ter uma meia tatuada no tornozelo, por exemplo, acho maravilhoso). já estava morando aqui há uns meses, pensando também em como eu deixaria marcado na pele essa minha relação com a ilha (e sim, talvez você pense que eu pudesse ter feito a Ponte Hercílio Luz, porque isso eu também pensei 😂)
mas, quando chamei a Eluize, uma das tatuadoras que já me riscou (e das pessoas mais talentosas que eu conheço), eu perguntei se a gente conseguia recriar essa minha foto da Lapa para tatuar na parte de dentro do bíceps esquerdo. e ela achou a ideia ótima.
aí ficou assim:
então assim, como eu acabei descobrindo um pouco mais e melhor, e de forma diferente, como que era o Ribeirão. e aí que entra a história da Tens Tempo Café - minha segunda cafeteria favorita da ilha. a primeira, como falei na edição anterior, é a Café e Poesia, que fica no Sambaqui.
o lugar é uma graça: é uma casinha de esquina, com detalhes em madeira, xícaras penduradas (aquelas resinadas, ótimas pro café mas que esquentam a mão). e muitos doces gostosos. meu favorito é o strogonoff de nozes. mas lá, você pode pedir o aclamado travesseiro de piriquita: massa folhada, creme de ovos moles e amêndoas tostadas. duvida? tá aqui no cardápio.


sou meio metódico pra algumas vezes, então, meu pedido preferido de lá é esse:

o bairro te lembra uma comunidade mesmo: o ritmo, a dança do sotaque manezinho falado pelas ruas com casas tipicamente açorianas é o que encanta os olhos. o Ribeirão preserva o respiro (que tá virando suspiro) histórico da colonização desse lugar. eu seguramente acho que o bairro é o exemplo prático da história da ilha. é lá que você entende o porquê da colonização da ilha ter origem portuguesa - diferentemente de cidades não tão longe daqui, como Blumenau, que é alemã até nos postes.



também lá, um dos espetáculos mais incríveis que alguém pode presenciar: o pôr do sol 🌄
por ficar na costa oeste da ilha, virado para onde o sol se põe, o Ribeirão é disparadamente um dos melhores lugares para assistir o sol dizer tchau para mais um dia. inclusive, o deck de madeira e a orla da praia (das pracinhas aos restaurantes), todos se viram para isso aqui:
é uma coisa inexplicável. é absurdo, juro, eu não consigo nem definir direito mesmo:



vale inexplicavelmente a pena.
a vida manezinha escorre pelas fontes que descem até as casas que ficam bem de frente pro mar, na principal avenida do bairro. já andei uns 5km dali da Igreja da Lapa até descer perto da Caieira. sem antes agradecer você por ter chegado até aqui, deixa eu reunir em lista os restaurantes e cafeterias de lá que eu conheço: Tens Tempo Café, Amoriko Brigaderia e Cutelos Petiscaria. indico de olhos fechados - na Amoriko, tem um brigadeiro de Cachaça Amburana. sério.
agora sim: obrigado por mais essa! falar do Ribeirão é ótimo e ir lá, melhor ainda. e, já que estamos falando de lá, a foto que uso como a de perfil aqui no Substack é, também, lá: