#9 - Fortaleza de São José da Ponta Grossa
uma das três fortalezas construídas para defender Nossa Senhora do Desterro, a antiga Florianópolis, de invasores. hoje, patrimônio tombado (e abundante em história)
e aí! tudo joia por aí ou tem um pouco de bijuteria também? 🗣️ (que delícia ter licença poética para poder fazer uma piada dessas, já que a newsletter é 100% minha, né?)
somos cinquenta! esta edição chega na caixa de entrada de exatos 50 de vocês que, assim como eu, provavelmente amam Florianópolis e aceitaram o convite de estarem comigo nela. é muito legal ter você aqui, viu? sinta-se em casa assim como eu me sinto 🌻
parte integrante do primeiro sistema defensivo da Ilha de Nossa Senhora do Desterro, também chamado de triângulo de fogo, a Fortaleza de São José da Ponta Grossa é a única, das 3 construídas para defender a então província, acessível por terra. as outras duas, Santa Cruz de Anhatomirim e Santo Antônio de Ratones são acessadas apenas por via marítima, ou seja: barco, lancha ou se você for um(a) triatleta, nadando - o que eu, particularmente, acho um pouco mais cansativo, tanto é que nunca fiz.
inclusive, falando em Ratones, é bem provável que eu vá pra lá nos próximos meses. é que por aqui existe um projeto incrível de música itinerante chamado Sounds in the City, e quando chega a alta temporada, rola algumas edições do Sounds in da Boat, que basicamente é um navio que fica em alto-mar, das 14h até por volta das 21h, saindo da Beiramar Norte, indo até lá e voltando. rolezão! quase fiz o ano passado (que foi essa edição ali do vídeo), mas não consegui. a próxima edição que tiver eu consigo.
bom, então é lá para o norte da ilha que nós vamos hoje: entre as praias de Jurerê e do Forte, está o monumento construído na primeira leva da colonização da ilha, entre 1739 e 1745, coordenada pelo Brigadeiro José da Silva Paes.
hoje, as fortalezas estão sob a gestão da Universidade Federal de Santa Catarina, a UFSC. a entrada é paga: R$ 16 a inteira e R$ 8 a meia, apenas em dinheiro físico ou pix para o Tesouro Nacional, e que te dão direito, além da entrada, a um cartão postal de lá. tenho alguns:
o acesso a Fortaleza é feito por rua mesmo, porém, absurdamente estreita. é uma servidão, na verdade, algo que é extremamente comum aqui.
obrigatoriamente, só temos uma forma para chegarmos lá: indo até o final de Jurerê Internacional, virando a esquerda na rua do P12 (sim, o Parador Internacional, onde Jorge e Mateus gravaram “A Hora é Agora”, o melhor álbum da música sertaneja dos tempos atuais e onde a Anitta geralmente faz o Ensaio dela aqui na ilha) e depois virando a direita para acessar a via única de acesso. não, vai, deixa eu ser honesto: não é só essa via de acesso, não. se nós estivéssemos na Praia da Daniela, dela dá para ir por uma trilhazinha bem suave (mesmo!) até a Praia do Forte. passando na frente do P12 é a forma mais fácil, mas não a única.
além do P12, você também passa na frente do Caravelas, um restaurante manezinho super simpático que recomendo a visita, afinal, a ideia do rolê não é só ir para a Fortaleza. como eu disse, estamos entre Jurerê, Forte e Daniela, então em um dia inteiro, dá pra conhecer esses outros lugares também, almoçando no Caravelas e depois fazendo o roteiro. bem do ladinho do restaurante, diga-se de passagem, tem uma estradinha onde acessamos a faixa de areia de Jurerê.
eu fui lá a primeira vez em 2019. o Lucas e o Fabian, antes de me levarem do #6 - Centro até a Lagoa da Conceição, onde ficaria hospedado nos próximos 5 dias, me levaram para dar um giro pelo norte da ilha e uma das paradas foi a fortaleza. foi no mesmo dia, inclusive, que fomos também para #4 - Santo Antônio de Lisboa. saímos de Santo Antônio para exatamente ir até a Fortaleza.
primeiro porque lá é realmente um lugar e tanto. carregado de história e um pouco de morbidade, já que logo na entrada da Fortaleza você vê o calabouço, artefato usado para que os presos mais rebeldes ficassem solitários, por dias. hoje, porém, o lugar conta com o apoio das gestões da UFSC, governo de Santa Catarina e Prefeitura de Florianópolis (até, inclusive, a Associação de Moradores do Forte não curte muito a ideia do turismo ali, e existem algumas faixas nas cercas das casas meio que criticando alguns pontos). democracia é isso, né?
segundo que, hoje, a Fortaleza para além de ser um espaço de visitação histórica, teve o antigo quartel da tropa transformado no Atelier das Rendeiras de Florianópolis:
eu, inclusive, exatamente desta fofura que está no vídeo, comprei uma renda que tenho até hoje aqui em casa, desde 2019. uma das relíquias que eu guardo, pois nenhuma renda é igual a outra. por mais que elas tenham as mesmas cores e linhas, um mínimo movimento diferente do bilro faz com que ela seja única ❤️🔥
inclusive, lembra do seu Oraldo Ventura, que falei um pouco sobre na edição #7 - Costa da Lagoa? pois é, algumas das obras dele ficam em exposição permanente na Fortaleza, uma vez que ele presenteou a Prefeitura e a UFSC com algumas delas:
já fui sozinho, já fui com amigos, mas acho que inevitavelmente de todas as vezes que fui, a mais sublime foi quando fui com a minha família até lá. meus pais e duas das minhas tias que eu mais amo na vida:
e eu digo a mais sublime pois há muito significado e amor nessa visita. os meus pais são as primeiras e principais pessoas que me apoiaram quando eu tomei a decisão de me mudar para cá. eu pago um preço alto, diga-se de passagem, em estar aqui: mais de 800km nos separam geográfica e fisicamente. mas certa vez, meu pai me falou uma (das tantas) coisas que eu jamais vou esquecer na vida:
“meu filho, a saudade é realmente grande, mas por outro lado, é com você morando aqui que a gente descobre um pouco mais do mundo”.
isso me marcou substancialmente.
especialmente levar a minha mãe até lá também é interessante: ela é professora de História, e leciona nas turmas de ensino fundamental e médio no único colégio estadual da nossa cidade, lá em Cidade Gaúcha. sim, existe uma Cidade Gaúcha que não fica no Rio Grande do Sul, mas no noroeste do Paraná, que é de onde eu venho 😊
ah, e como você provavelmente possa imaginar, a Praia do Forte se chama assim exatamente porque o forte (ou a fortaleza), fica lá. e eu até pensei, nesta edição aqui, aproveitar e falar também da praia em si, a faixa de areia. porém, como dá pra ir dela até a Daniela, vou optar por falar um pouco melhor quando for a vez da edição sobre a Daniela.
vou deixar dois materiais aqui, fornecidos pela UFSC: o primeiro é um passeio virtual pela Fortaleza (que não é bem em 360º, só pra avisar) e o outro, um guia de lá. 😉
estar chegando para exatas 50 pessoas hoje me fez lembrar, durante a escrita dela, de um programa que passava na Record e que eu não perdia um - do nível de, caso eu tivesse cochilado já, meus pais me acordavam para assistir: o 50 por 1. ele era apresentado pelo Álvaro Garnero (que ok, não vamos entrar no mérito kkk), mas que eu admirava pelo fato de ele visitar lugares do mundo inteiro, experimentar e eleger uma das experiências como a melhor.
quem diria que, anos depois, eu meio que estaria fazendo praticamente o mesmo, só que com a minha realidade. a vida é mesmo muito doida (e deliciosa), né?
até semana que vem. 👋🏻
randy, eu teria mil comentários pra fazer nessa edição kkkkk mas vou resumir em: 1. QUE LUGAR! sério, coisa de filme. sempre me impressiono com os pontos lindos que temos aqui no Brasil, coisa de deixar gringo de boca aberta. 2. apaixonada pelas rendeiras, é com certeza um lugar que quero conhecer quando voltar pra ilha e 3. chorei (mesmo) com a parte da sua família, principalmente com a fala do seu pai. obrigada por compartilhar com a gente 🫶🏼