#14 - Praia da Galheta
a beleza é surreal, o acesso é só por trilha e a dúvida é sempre a mesma: é ou não uma praia de naturismo?
e aí! tudo bem?
viu só? dessa vez nem demorei 👋🏻
durante o processo de construção da newsletter, não há uma linearidade de qual praia ou região eu vou escolher para a próxima edição sempre que termino a atual. na verdade, quando eu comecei a escrever ela até tinha, os três primeiros textos eu sabia certinho de quais lugares seriam, mas do quarto pra frente, sempre fui decidindo meio que a toque de caixa qual o próximo. porém, na edição passada, sobre a Lagoinha do Leste, entrei num momento que é escrever edições sobre lugares que eu ainda não voltei depois de 2019. mesmo morando aqui já há 2 anos e 6 meses, ainda não fui de novo na Lagoinha e nem na Galheta. e daí que isso me animou a escrever a edição de hoje porque, ela sim, eu já tinha pensado que seria ainda na semana passada. e também porque o lugar guarda um fato bem legal da minha vida.
existe um fato sobre uma das minhas tatuagens que eu quero contar - até porque eu talvez tivesse pensado em começar a edição de outro jeito, mas é que essa história é realmente boa e parte dela se concluiu neste exato momento - que é essa aqui, das coordenadas geográficas da Praia da Galheta:
essa foto, inclusive, também está na edição passada - só que lá, com foco na cicatriz que eu tenho do lado da tatuagem, que ganhei enquanto fazia a trilha para a Lagoinha. aqui, ela tem outro sentido: em graus, minutos, segundos e pontos cardeais. 🧭
quando eu fiz ela, eu confiei pura e simplesmente na ferramenta de conversão do Google, que converte as coordenadas decimais em coordenadas em graus. isso porque o aplicativo de fotos, também do Google, registra a latitude e longitude de onde as fotos foram tiradas. daí eu fui lá e tatuei.
é, claro que pensar “bom, se é a coordenada registrada pelo GPS do Google, é confiável” pode fazer sentido, mas até o momento de escrever esta edição, literalmente agora, eu nunca tinha feito, desde que me tatuei, uma busca mesmo em ferramenta de conversão da coordenada em mapa. real mesmo.
e por que então eu comecei a edição com essa história? porque levado pelo pensamento de “cara, IMAGINA se eu for falar na edição sobre a Galheta que eu tenho as coordenadas de lá tatuadas e na hora de pesquisar se é lá mesmo, não ser?”
mas é lá mesmo, ó:

😮💨 alívio, né? imagina, uma tatuagem no estilo “Forévis Young” da Fátima, em Tapas e Beijos, no meu braço? mas tô à salvo.
outra particularidade que aproxima a Lagoinha da Galheta é que ambas são acessadas apenas por trilhas. no entanto, as trilhas para a Galheta são infinitamente menos exigentes do que qualquer uma das que levam até a Lagoinha 😅 para chegar até lá, você pode fazer o caminho que fiz: indo por uma e voltando pela outra.
eu tenho as coordenadas tatuadas porque lá foi onde eu tomei o primeiro banho de mar da minha vida.
quando eu estava hospedado na Lagoa da Conceição - inclusive, o dia que eu fui pra Galheta foi um antes de quando torci o pé na Lagoinha - decidi ir pra Barra da Lagoa, numa segunda-feira, para conhecer dois lugares: as Piscinas Naturais da Barra da Lagoa e a Galheta. isso porque para ir nas duas, você sai da Barra. então fui até as piscinas, conheci, voltei e fui pra Galheta. essa é a primeira trilha que dá acesso à praia, sendo que a outra é em direção à Praia Mole. era julho, então, o dia não era lá dos mais ensolarados. nem quentes, mas também não tava muito frio, temperatura agradável:
tomei um café super gostoso numa cafeteria que eu até recomendaria aqui, se ela não tivesse fechado, pelo que pesquisei aqui no Google. chamava Café da Barra (bem sugestivo), porém, era boa mesmo. tinha um pãozinho com manteiga na chapa muito especial.

cara kkkk NENHUMA tatuagem nessa época, eu fui fazer as primeiras 6 meses depois dessa viagem. então tá aí, esse sou eu sem tatuagem (hoje eu tenho 28).
daí sim, passei a tradicional pontezinha azul e suspensa que tem no Canal da Barra pra acessar o outro lado, onde começam as trilhas:




nesse dia, a maré tava bastante movimentada, mas a ideia é que quando a maré abaixa e fica mais tranquila, essas pedras armazenem água “parada” (sem movimento de onda), formando tipo umas pequenas lagoas - daí o nome piscinas naturais: você está como se fosse um cercadinho de pedras, numa piscina, porque não tá diretamente em contato com as ondas.
o lugar é realmente muito lindo.
conheci, tirei umas fotos, voltei pra Barra: ia pro mesmo local do começa da trilha para as piscinas, porém, pra começar a Trilha da Boa Vista, que te leva até o Monumento Natural Municipal da Galheta:
e o que muita gente não sabe é que desde 2016, a prática de naturismo é proibida lá. é por isso que eu optei por colocar o termo Monumento Natural Municipal: em um lugar com essa categoria, a prática do naturismo pode ser enquadrada como atentado ao pudor.
é que assim: há mais de 40 anos, a Galheta é a praia de naturismo mais famosa do estado de Santa Catarina. porém, em 1990, houve um decreto que limitou o naturismo na praia como opcional - ou seja, você pode visitar a praia de roupa, não é obrigatório tirar, porém, você vai ver pessoas sem. mas em 2016, com a alteração da categoria do local, o naturismo foi proibido.
na lei, né? porque isso nunca mudou, nunca vai mudar, e está tramitando na Câmara dos Vereadores um projeto de lei que busca revogar a proibição e regulamentar o naturismo. não há Galheta sem naturismo em Florianópolis, todo mundo sabe, e todo mundo que vai até lá conhece.
a título de curiosidade: eu fui de roupa pra lá 😂
a vista da trilha é realmente muito linda:
durante a execução dela, em um determinado ponto, tem um mirante onde você consegue ver a Barra da Lagoa bem de cima - e, consequentemente o Canal. para que você entenda, a entrada de água que aparece nessa foto abaixo é onde a Lagoa da Conceição começa. do mar, a água entra por esse canal, que abastece e irriga a lagoa :)

essa trilha também foi legal, não é difícil de fazer, mas é um pouquinho longa: cerca de 1h10 pra fazer inteira. e nessa, eu levei um puta susto porque em um momento, um cachorro apareceu do nada, correndo, e eu achei que minha alma ia sair do corpo por não estar esperando. mas ele (era macho mesmo) era muito querido:
com tudo certo, segui o caminho e no tempo previsto, cheguei na Galheta:
como comentei ali em cima, foi exatamente nesse lugar aqui, nesse mar aqui que eu mergulhei a primeira vez. acho que em alguma edição anterior eu já comentei isso, mas se não, além de 2019 ter sido o primeiro ano que eu vim pra Florianópolis, foi a primeira vez que eu vi praia também (na vida inteira). eu, um óculos que eu adorava, minha mochila e meu celular apoiado nela pra tirar essa foto, a primeira depois que eu tomei meu primeiro banho de mar:
usei tanto essa nas redes sociais e postando #tbt que a coitada tá até cansada 🗣️
neste dia, por ser julho e nem estar muito quente, não tinha muita gente na praia, e os que estavam, de roupa. só vi um casal praticando naturismo naquele dia - porém, dá pra ver como o tempo abriu, né? Floripa é assim mesmo, amanhece sol as vezes e fim do dia fecha tudo, ou as vezes amanhece fechado e meio-dia tem um sol para cada um.
e daí que agora que chegou a hora de sairmos da Galheta, vem uma outra parte adicional de informação além da de que lá é uma praia de naturismo, mesmo proibido: a segunda trilha, que sai da Galheta em direção a Praia Mole, é um lugar muito conhecido pela prática de cruising na ilha. cruising, no bom português, é pegação à céu aberto, majoritariamente praticada por homens gays, mas não somente. além de lá, outros lugares na ilha também são conhecidos pela prática, como o Parque da Luz, que fica no acesso insular da Ponte Hercílio Luz.
na Mole fica um dos mais conhecidos e consolidados bares LGBTQIA+ da ilha: o Bar do Deca. então, dentro do universo, essa região é especificamente conhecida por isso, principalmente a trilha:


e daí que, no fim, você chega na Praia Mole:
neste dia ainda, depois de sair da Praia Mole, eu ainda fui pra Joaquina - por meio das dunas.
foi um dia que eu saí de casa era umas 8h e voltei também perto das 20h. um dia muito especial. e um pensamento que talvez eu tenha tido agora é que a próxima edição possa ser sobre a Joaquina mesmo. famooosa Joaca.
antes de me despedir, e também antes de terminar essa edição, abri meu Instagram e dei de cara com esse post aqui, do NSC Total, sobre exatamente a prática de cruising na Galheta. além disso, a Thais também foi na Galheta hoje. tudo talvez possa ir pra conta do alinhamento dos astros?
valeu nosso Uber de hoje pra Barra da Lagoa para começar a trilha por lá, né? na semana que vem, a edição vai ser quase como uma continuação dessa, pois foi nesse dia que conheci a Joaca e as dunas a primeira vez também. porém, diferentemente da Galheta, lá eu já fui muitas outras vezes.
obrigado pela companhia 🥾