#13 - Lagoinha do Leste
no extremo-sul da ilha, uma das 42 praias figura tranquilamente como um dos lugares mais lindos daqui - logo ao lado do Morro da Coroa 🏞️
olha só quem finalmente chegou de novo na sua caixa de entrada ☝🏻👋🏻
confesso que é muito bom, particularmente, começar as edições meio que desejando um específico oi para quem novo que chegou depois de você, que já me lê há um tempo. porque aqui é assim, né? temos você, que olá! são 13 edições que se você clicar aqui, vê separadas pelas regiões que a ilha tem. espero que goste, pois faço com carinho. e temos você que demorei, né? kkkkk quase um mês entre uma edição de outra. o nosso combinado é que eu sempre vou chegar, então, tô aqui.
chegou, finalmente, a edição que eu talvez pensasse que deixaria mais pra frente: a Lagoinha do Leste.
pensei em anexar como áudio, aqui neste espaço, um .mp3 baixado de algum site duvidoso (assim como alguém aqui além de mim fazia, baixando pra transferir via USB para um aparelhinho portátil) Sticky, do novo álbum Eusexua, da FKA twigs. mas pode dar ruim com direito autoral, então, fica o conselho pra caso você queira ouvir o álbum (ou a música) por aí. (Childlike Things também é excelente).

eu disse que pensei em começar essa edição de um jeito diferente pois eu tinha planos de refazer as trilhas antes de escrever sobre ela.
mas assim como os movimentos de onda que a foto acima mostra, ainda não ter voltado lá me possibilita contar essa história pela da perspectiva que eu tenho da primeira vez que eu vim pra cá.
a viagem de 2019, como eu alertei na edição sobre Armação e o Matadeiro para que vocês ficassem atentos pois eu, volta e meia, falaria deste ano por aqui, foi muito especial. e especificamente essa ocasião da Lagoinha do Leste se une com a da Praia da Galheta, que foi onde eu dei o primeiro mergulho no mar de toda minha vida.
queria marcar o local do mundo onde foi isso, e escolhi fazer a tatuagem com a latitude e longitude da Praia da Galheta no meu antebraço esquerdo:

mesmo em preto e branco assim, dá pra ver que ali do lado tem uma cicatriz, tipo uma marquinha na pele, na frente do 32“O.
essa cicatriz foi o que ficou do machucado que estava embaixo desta gaze aqui, que ganhei fazendo exatamente a trilha:

mas tá. oficialmente começando do começo, como essa foto acima era de uma terça, e na segunda antes, eu tinha ido na Costa da Lagoa (e que já contei essa história aqui também). na terça, ainda hospedado na Lagoa da Conceição, eu desci pro sul da ilha, de Uber, à caminho da Armação. da Armação, pela pontezinha do canal, atravessei e fui em direção ao acesso ao Matadeiro. aqui, o Matadeiro só é acessado por barco, ou à pé, por meio da trilhazinha de ligação com a Armação (que daí sim chega carro, Uber e tal). e do Matadeiro, ainda pra frente, que começa a trilha pra Lagoinha. é assim:


e daí que eu fui, né? pesquisei, na noite anterior, textos e reviews de outras pessoas que já haviam feito a trilha. TripAdvisor e esses sites de referências. porém, fui descobrir o Wikiloc, que é uma ferramenta com colaboração de pessoas que mapeiam as trilhas e fica mais fácil de você fazer, só depois que fiz a Lagoinha kkkkk sozinho, inclusive. que essa é uma informação importante a se destacar aqui pois a Lagoinha é uma trilha considerada de dificuldade média. e eu fui descobrir fazendo ela, só que foi ótimo.
durante a trilha, saindo do Matadeiro - pois esse adendo é importante: eu fui pra Lagoinha saindo de lá, só que voltei de lá em direção ao Pântano do Sul, por outra trilha. pois é isso: por trilha, você chega na Lagoinha por dois lugares, um mais plano e reto, só que mais longo; o outro, mas curto, só que uma uma subida e uma ladeira que parece que você chegou perto do céu e voltou. essa segunda, mais curta só que mais exigente, eu já fiz com o pé torcido (pois o machucado do braço foi causado por causa de uma torção que eu tive no tornozelo):

durante 3h20 (um ritmo média seria umas 2h40, mas como o tornozelo, na trilha de ida, ficou machucado, eu demorei mais), caminhei quase que a metade do tempo bem, e a metade do tempo depois de atravessar um empilhado de pedras, onde meu tênis escorregou e eu virei o pé. pra não cair mais pra baixo, me segurei um pouco nos matinhos que tinham ali, e foi isso que cortou o meu braço - e que gerou a marca onde tatuei do lado.
é uma trilha realmente meio exigente, e que você passa por uma parte de mata fechada e o restante andando pela encosta (o vídeo ali de cima é da parte da encosta já). e como eu estava sozinho, todo o rolê foi um pouco mais exigente.

eu confesso que subestimei um pouco demais a execução da trilha saindo do Matadeiro. eu já havia programado mesmo que faria ela saindo de lá, mas voltando pela do Pântano do Sul, porém, com o percalço da torção do meu tornozelo, quando eu cheguei na praia, eu reconsiderei muito.
isso porque quando eu torci, eu fiquei um tempo com dor, mas acho que por ainda estar movimente, sangue quente (como diria meu pai), eu dei conta de chegar até a praia. porque eu já estava na metade do caminho da trilha, ou seja:
eu voltava de onde torci pra trás, de volta pro Matadeiro;
eu seguia andando, mesmo com o tornozelo doendo, sentindo se talvez ele ia piorar
acho que é possível imaginar que escolhi a segunda opção.

decidi continuar e quando eu finalmente vi a praia, eu até meio que nem sentia tanto o pé. desci tudo, cheguei na praia finalmente e vi um dos lugares mais intocados que eu consegui pisar os pés:


a Lagoinha é uma praia que não tem quiosques ou bares que você compre alimento ou bebida, como nas praias mais turísticas. paraíso natural que tem uma outra lagoa (menos famosa do que a da Conceição e do Peri)
essa lagoa é de água salgada, só que sem ondas. então é tipo um oásis mesmo: você entra nela e vai caminhando com a água paradinha.
coloquei minha mochila perto de uma pedra e decidi dar uma relaxada. mistura de cansaço (acordei cedo e a trilha foi exigente) + apenas e literalmente o barulho do vento e o explodir das ondas na areia, cochilei. quando eu acordei…
parecia que tinha uma faca atravessada no meu tornozelo de dor. circulação diminuiu, fiquei parado e aí a dor veio. tava total sem equipamento de primeiros socorros (como vocês também pudessem imaginar). peguei minha garrafinha d’água e fui caminhando, mancando bastante, pra trás de uma pedra que tinha barulho e água e descobri uma fonte de água - mas não só: tinha um cara acampado ali. tem casa no Pântano do Sul, mas gosta de acampar e ficar uns dias na praia. me ajudou pra pegar a água da bica e também foi o que deu a primeira gaze, pra pressionar mais firme o tornozelo e deixar ele imobilizado, e deu umas dicas, confirmando minha ideia de que voltar pela trilha do Pântano seria mais rápido, já que eu tinha ido, agora era voltar kkkk
daí ok, fiquei pela praia coisa de mais ou menos umas 3 horas. se eu não tivesse torcido o tornozelo, eu teria subido a trilha do Morro da Coroa.
é porque é lá em cima que tem a Pedra do Surfista - quer dizer, ela ainda está lá, mas com risco de tombamento da pedra. dá pra tirar uma foto como se você tivesse pendurado se segurando nela, e com nada embaixo, mas é só questão de ângulo da foto. por isso também que quero voltar lá, agora, pra subir no morro também.
não mostrei pra vocês um pouco de como são as trilhas, né? é meio assim:




eu queria voltar pela trilha do Pântano do Sul pois daí eu já ia aproveitar pra conhecer o Bar do Arante.
tinha pesquisado sobre ele e como a história conta, é isso mesmo: o Arante Bar e Restaurante é o primeiro bar e restaurante da ilha. fundado em 1958, ele foi instalado na beira da Praia do Pântano do Sul, e se popularizou entre os pescadores da época por ser uma espécie de Correios: grupos de pescadores chegavam, e antes de se lançarem em alto-mar, deixavam bilhetes de avisos para os demais amigos, que chegassem depois, para combinarem meio que perto de pontos de encontro quando todos estavam navegando.
o bar tem colados nas paredes muitos, mas muitos bilhetes mesmo. assim como a cachacinha - que você pode pedir de graça, o papel e a caneta também são: os garçons sempre têm bloquinhos de anotações e canetas nos bolsos dos aventais para que você se expresse. tem gente que escreve, faz desenho, pinta, estiliza do seu próprio jeito.
Xuxa já esteve ali, atores globais, cantores… o bar é o próprio museu, conta a própria história. objeto de estudo científico, com cursos da UFSC registrando a história do mesmo, outros fazendo o cardápio deles. uma cachaça produzida lá, artesanal, e de graça, servida em pequenas doses. o Arante, enquanto restaurante, se junta à alguns poucos específicos aqui da ilha, como é o caso do Restaurante do Gugu, no Sambaqui, ou do Nacanoa no Ribeirão da Ilha. é comida típica manezinha no mais alto nível:





lá eu já fui mais vezes, mas por exemplo: a última foto, do pastel e suco de laranja, eu tirei em 2019. no dia que fiz as duas trilhas com o tornozelo torcido, que foi o que eu contei aqui pra você. 👋🏻
ah! e claro: os quadros! os que comentei que o Murilo pintou. quando eu dei uma reformada no meu quarto lá de Maringá, durante a pandemia, eu pedi pra ele fazer uma sequência de quadros que eu queria. uma seria com uma frase do documentário Ilha das Flores, de 1989, que eu também tenho tatuada na coxa (a mesma frase): Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.
os quadros do meio seriam a catedral de Maringá, com um raio que atravessasse ela, e do outro lado, saísse colorido. o Murilo fez em aquarela. e, por fim, a recriação da minha foto (a primeira lá do começo do texto) com o olhar dele. e ficou assim:


são lindos, e um dos meus favoritos até hoje.
bom, e daí que durante a busca das fotos que sempre vou escolhendo um pouco antes de escrever, um pouco escrevendo também, achei a única que pudesse encerrar essa edição aqui.
porque eu lembro desse dia, lembro de como foi ele com detalhes, e lembro de quando eu escrevi o bilhete também. a cachacinha tá ali ó, do lado. o cardápio que foi feito pela UFSC (na capa, tá vendo que são tipo post-its colados? kkk) também. e eu lembro que escrevi ele meio que pedindo que, um dia, esse lugar fosse minha casa.
hoje é. 🏠
até semana que vem! ❤️🔥